Sem categoria • 16.02.2024
Consórcio: Milho + Brachiaria

A prática de consórcio de milho com brachiaria é uma estratégia agrícola que combina o cultivo de milho com a gramínea brachiaria ao mesmo tempo na mesma área, a sua pratica tem origem de sistemas agrícolas mais sustentáveis. Ganhando espaço nas ultimas décadas com o crescente interesse desse método que promove a conservação do solo e da eficiência no uso de recursos. Os agricultores têm adotado o consorcio como uma estratégia para melhorar a saúde do solo, reduzir a erosão, controlar plantas invasoras e aumentar a eficiência dos nutrientes, a pratica evoluiu ao longo do tempo, impulsionado por pesquisas agronômicas e pela necessidade de sistemas agrícolas mais sustentáveis, integrando diferentes culturas de forma sinérgica para maximizar a produtividade agrícola. Tendo como objetivo a produção de grãos e palha de milho e palha ou pasto de brachiaria.

 A escolha da cultivar a ser utilizada para cobertura de solo:

Se o objetivo é apenas a cobertura do solo, deve ser escolhida uma forrageira com facilidade de dessecação, que produza massa suficiente para cobrir o solo; porém, não convém que tenha crescimento em excesso e também apresente baixo custo de sementes. A Brachiaria Ruziziensis é a forrageira que melhor preenche esses pré-requisitos; isto porque suas plantas emitem colmos decumbentes, que enraízam nos nós e cobrem espaços vazios nas entrelinhas. É uma espécie fácil de dessecar. Outra opção muito utilizada seria a Brachiaria CV. Piatã devido ao seu sistema radicular agressivo aumentando sua densidade de raízes que ajudam na safra seguinte devido sua matéria orgânica e a grande descompactação do solo.

Modalidades de consórcio:

Entre Linha:

O consórcio com linhas de braquiária intercaladas às linhas do milho foi desenvolvido para espaçamento de 0,75 m a 0,9 m entrelinhas de milho, exclusivamente tendo em vista a produção de palha para cobertura do solo. A implantação consiste em intercalar uma linha da forrageira com uma linha do milho. Para isso, mantém-se o milho na sua linha, enquanto que na linha intercalar coloca-se um disco e a quantidade de sementes de braquiária, que proporcione a população de plantas desejada.

Modalidade de linhas duplas de milho intercaladas com uma de braquiária:

O cultivo de milho em espaçamento reduzido, 45 cm a 50 cm entre linhas, dificulta operacionalmente o consórcio com linha intercalar em semeadoras convencionais de soja e milho, por causa do pequeno espaço para inserir a linha de braquiária entre as linhas de milho. Com isso, o cultivo de duas linhas de milho ao lado de uma linha de braquiária pode ser uma boa alternativa para o consórcio em espaçamento reduzido. Nesta modalidade, quando as linhas da semeadora estão reguladas de 45 cm ou 50 cm entre si, o milho tem espaçamento útil de 67,5 cm ou 75 cm entre linhas, respectivamente.

Modalidade em linhas

O consórcio entre milho e braquiária, ambos na mesma linha, pode ser indicado para cultivos de milho em espaçamento reduzido, tanto para produção de palha quanto para produção de forragem. Nesta modalidade, utiliza-se uma caixa exclusiva para sementes de braquiária (caixa adicional ou terceira caixa); a saída das sementes deve ser posicionada juntamente com as sementes de milho, podendo ser na mesma profundidade, visando a garantir o estabelecimento das duas espécies.

Modalidade em área total

O sistema de consórcio com braquiária em área total pode ser utilizado para cultivos de milho em espaçamento reduzido e normal, sendo indicado para produção de palha e também para produção de forragem. A diferença desta modalidade para a modalidade em linha é o posicionamento das sementes de braquiária, que neste caso é distribuída em área total. Normalmente, as sementes da braquiária são distribuídas na superfície do solo antecedendo ou simultaneamente à semeadura do milho, e parcialmente incorporadas pela passagem da máquina durante o plantio.

Melhoria na Qualidade do Solo:

A decomposição dos resíduos da brachiaria contribui para a matéria orgânica do solo, melhorando sua estrutura e fertilidade. A diversificação de raízes entre o milho e a brachiaria promove uma melhor aeração e circulação de nutrientes no solo.

Controle das Plantas Daninhas em Áreas de Consórcio:

Em clima tropical seco e em ambiente de clima temperado, as culturas são instaladas na estação de cultivo mais adequada. Após a colheita dessas culturas os produtores podem optar por deixar a área em pousio até o ano subsequente, para novamente realizar o plantio na época mais propícia ou então optar pela semeadura de plantas de cobertura e/ou culturas de interesse agronômico, realizando uma segunda safra, se as condições climáticas assim permitirem. Diversos estudos indicam que, caso essas áreas sejam mantidas sem cobertura vegetal no período em que não há cultivos comerciais, a infestação por plantas daninhas tende a ser mais severa na estação de cultivo subsequente, por causa do aumento do banco de sementes da comunidade infestante.

Redução de Custos:

A cobertura do solo pela brachiaria reduz a necessidade de uso de herbicidas, contribuindo para uma prática mais sustentável e econômica. A possibilidade de integração do gado na área após a colheita do milho proporciona uma alternativa econômica adicional. O cultivo de milho consorciado com B. ruziziensis proporciona melhorias no sistema de produção das propriedades, principalmente em relação à sustentabilidade ambiental e econômica das culturas. Assim, haverá redução dos riscos de perdas de lavoura por causa dos veranicos e obtenção de incrementos significativos de produtividade com as culturas cultivadas em sucessão, em especial a soja.

Controle de Pragas e Doenças:

A diversidade de culturas no consórcio pode dificultar a propagação de pragas específicas, contribuindo para um controle natural e diminuindo a necessidade de agroquímicos.

Planejamento e Manejo:

O sucesso do consórcio requer um planejamento adequado, considerando aspectos como a escolha das variedades de milho e brachiaria mais adequadas, a época de plantio e o manejo integrado.


Plantio na linha com a utilização da Brachiaria Ruziziensi

Produtividade:

De acordo com Bortolini, o uso de B. ruziziensisna lavoura do milho reduz sua produtividade na ordem de três a seis sacas por hectare, podendo chegar a dez sacas se realizado em semeaduras tardias e sem o manejo da B. Ruziziensis. No entanto, o rendimento de grãos de soja cultivada após o consórcio milho safrinha com B. Ruziziensisé superior em até 11,8% à soja cultivada após milho solteiro. No milho solteiro, em área cultivada anteriormente com B. Ruziziensis, o rendimento pode atingir valores superiores, chegando a 15% a mais do que no sistema com milho solteiro. Neste trabalho consideraram-se, no sistema consorciado, as produtividades de 64 sc/ha para o milho safrinha anterior à soja, 57 sc/ha para a soja e 80 sc/ha para o milho após a soja. No sistema solteiro, utilizaram-se as produtividades de 70 sc/ha, tanto para o milho anterior quanto ao posterior à soja, e 50 sc/ha para a soja.



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